Abismo das palavras


As lembranças são como imagens de satélite, que nos transpotam para um lugar distante numa fraçao de segundos, tento pensar em tudo o que vivi mas as minhas recordações, parecem nao encontrar outro distino que não seja um passado recente, e vejo-me novamnete ligada a um desejo, o de conseguir suportar a dor dessa lembrança.Tenho medo de desejar o que quer que seja, porque o desejo afastou-me da razão, e no meu caso isso resultou numa fatalidade, um desejo incontrolável acabou por fazer com que o meu destino fosse o de saltar para um precipício, e agora sinto-me como se o tempo tivesse parado os ponteiros do relógio sempre a marcar a mesma hora, um tempo que já não passa e que me traz a sensasão de estar sempre no mesmo sitio, um lugar escuro onde eu já não me reconheço. O perigo por vezes bate a nossa porta e pensamos que connosco não pode acontecer, nos julgamo-nos invenciveis. Ignoramos todos os sinais, todas as pistas eu na verdade fingi ignora-las, para não admitir o prazer, que estava a sentir por estar próxima do abismo. A minha vontade de saltar foi maior que a razão. Mais um passo e estarei em queda livre, só eu é que posso tomar a decisão de recuar, ainda estou a tempo de o fazer. Fecho os olhos antes de decidir se avanço, mas aproximo-me ainda  mais do prazer de me atirar a escuridão do abismo. O ultimo passo foi algo instintivo, nem eu própria consigo explicar, a razão a dizer que não, mas o corpo avançou indiferente, o desejo foi tão forte, que não me deixou parar, agora flutuo nos braços dele, não foi ele que me trouxe ate aqui, e nem o medo de me arrepender nem impediu de saltar, quero apenas viver este momento, que não será nada mais que isso mesmo, um breve momento ao lado de alguém que não tem nome, nem nunca terá, o desejo a paixão é o sexo, podem fazer parte de um caminho para se chegar ao amor, muitas vezes levam-nos a esse destino, mas não posso, principalmente não quero avançar nesta direcção. Tão próximo, tão intimo, mas ao mesmo tempo continua a ser um estranho, ele é o que eu imagino, mas as pessoas nunca são o que imaginámos, e é justamente isso que me faz te-lo junto a mim, imagina-lo de uma maneira diferente do que ele realmente é. Sei que o encontro dos nosso corpos será breve, entrego-me sem pudor e sempre presa de antecipar o fim desta loucura, agora estamos juntos, mas até quando? Ate que a vida nos separe!!! Enquanto isso vou alimentando a ideia que o mundo parou de girar. Novamente a sensação do abismo e de uma brisa leve que trespassa o meu corpo, o tempo agora parece estar com pressa de passar, começo a sentir saudade da lentidão das horas, mas não me resta mais nada, senão aceitar a proximidade do fim. Sinto-me como se o ar já me falta-se, talvez seja uma sensação de dor ou de alivio, cheguei ao fim sem arrependimento, e ao mesmo tempo sem o desejo de voltar a fazê-lo. Quando mentimos procuramos desesperadamente de uma solução para o nosso erro, mas o tempo voa, e a rapidez é fundamental para não sermos descobertos, acabamos por ficar sem tempo para nos arrepender. Novamente o perigo espreita, bate insistentemente a minha porta, agora mais do que nunca, não posso permitir que avance tempestuosamente para dentro da minha casa. Quando escondemos uma parte da verdade, tudo o que dizemos esta mais próximo da mentira. O desejo levou-me a loucura, ao encontro com o abismo, há muito tempo que não consigo dormir, uma imagem recorrente insiste em afastar-me do sono. Não é luz nem sombra. Eu não me reconheço. Aquele corpo não é meu. Mas lembro-me dele. Ele, que agora é um corpo sem movimento. Para sempre inerte. .

1 comentário:

  1. Eu reconheço o texto de um filme, por acaso não me saberia indicar o nome do filme ? já o vi há alguns anos e não me lembro.

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